Aos desejos insistentes

Todo dia 1º de janeiro, eu acordo e vou olhar pro céu pra ver se mudou alguma coisa de um ano pro outro. Olho tudo em volta, sinto o cheiro do ar, me concentro em todos os meus sentidos pra ver se consigo sentir alguma coisa, além dos pingos de chuva que invariavelmente caem nesse dia. E embora tudo esteja sempre igual ao dia anterior, dá um friozinho na barriga, de estar vendo pelo primeira vez a luz do primeiro dia do ano novo. É uma sensação boa imaginar 365 dias inteirinhos pela frente, cheios de tudo que você imaginou e pediu nas suas preces de ano novo. Lá pelo dia 5 você já se esqueceu das suas promessas, já desistiu da ginástica pela enésima vez, já está preocupado com o vencimento do cartão de crédito, com o IPVA e o IPTU, a roupa branca já está na máquina de lavar, você começa a achar que aquela arvore enorme com luzinhas piscantes coloridas não combina em nada com a decoração clean da sua sala de jantar, e aos poucos a vida retoma seu rumo. Mas desejos são poderosos, e aquilo que você sonhou pro seu novo ano vai ficar ali, insistindo na sua cabeça. Aí, de repente, entre um fechamento de anúncio e uma lista de supermercado você faz o que tem que fazer. Realiza seu sonho e faz um feliz ano novo.