quarta-feira, dezembro 14

Uma história de sobrevivência

cap III - 6 de setembro
(primeiros capítulos nos posts anteriores)

Acordei com o corpo muito dolorido do esforço físico do dia anterior para aquilo que seria a grande aventura do nosso feriado. Íamos fazer a Casa de Pedra. "Nunca ninguém faz a Casa de Pedra na primeira vez que vem", me diziam eles com uma certa admiração. Bom, não pode ser assim tão pior do que tudo o que já passei, pensei eu, ingenuamente. Andamos de carro por um caminho até onde a mata fechava e só era possível continuar a pé. De lá fomos andando numa trilha, quer dizer, andando em termos, porque de dois em dois passos eu escorregava na terra e ia deslisando até conseguir abraçar alguma árvore para parar. Você tem razão, Zezo, eu abraço árvores : ) . Andamos durante quase duas horas até chegar na entrada da Casa de Pedra, que tem 215 m de altura - a maior boca de caverna do mundo. Bom só para deixar registrado aqui: nesse ponto eu já estava exausta e já queria ir pra casa. Entramos na caverna caminhamos um tempo com a claridade natural do dia, por causa da grande entrada de luz, mas assim que nos aprofundamos, a escuridão completa tomou conta e começamos uma caminhada de 4 horas para atravessá-la. Durante as primeiras duas horas a sensação do medo de cair, de não enxergar nada, de estar numa caverna gigantesca absolutamente selvagem é até estimulante, mas depois seus músculos não aguentam mais a tensão de ficar agarrada a paredes, de escorregar sem saber onde vai cair, de ficar sacundindo as mãos para tirar os bichos que sobem em você, de abaixar a cabeça a cada morcego que passa e ninguém pode te ajudar. É cada um por si e você não sai dali a não ser pelas suas próprias pernas. Chagamos na metade da caverna, o lugar mais profundo dela e então eu descubro que tínha um rio para atravessar. Grande, fundo, escuro, gelado e provavelmente com alguns espécimes pré-históricos com dentes afiados, comedores de carne humana. Entramos cada um de uma vez no rio, nadando com uma corda guia para conseguir chegar do outro lado. Feito isso agora era só terminar a caminhada em direção a saída só que desta vez com o corpo e as roupas encharcados, mais pesados, com frio e escorregando em cada maldito passo no caminho. Chegando de volta, com a roupa ainda úmida e o corpo exausto, o moquifo parecia ter o conforto de um hotel cinco estrelas. Desmaiei. Continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

Cada vez que leio essa história ela parece mais divertida...Vc tem cada uma....