Um dia de setembro de 1997

Estou em Veneza. O céu azul dessa cidade é tão hipnotizante e impressionante que ligo de um orelhão para o meu pai só para dizer que estou vendo o céu mais azul do mundo. Estou fora do Brasil há vários dias, sozinha, perambulando pela Europa. O único jeito de passear por Veneza é se perdendo. E disso eu entendo. Me perder é a minha especialidade. Pego o mapa da cidade, faço um xis no lugar do hotel e saio sem rumo. No meio do caminho encontro um escritor americano com um chapéu de palha e nome de mordomo. (imagine a cena). O James precisava de um mapa, então emprestei o meu e saímos andando e conversando pela cidade. No meio do caminho ele me convida pra tomar um chá num hotel chique da cidade. Estranho, pensei, mas vamos lá. Enquanto ele tomava um chá numa mesinha cheia de frescura e bules e xícaras de porcelana chinesa da dinastia Ming eu tomava uma cerveja. Impossível isso dar certo, pensei. Mas ele se empolgou, marcamos qualquer coisa no dia seguinte e fiquei de ligar. Claro que não liguei (detalhe: não se liga pra um americano de chapéu de palha numa cidade cheia de italianos!) e com tanto lugar escondido fui dar de cara com ele no meio da rua. Meio bravo, reclamou que eu não liguei e me convidou pra conhecer o jardim do hotel que ele estava. Um puuuuuuta hotel (desculpa o termo mas é o jeito mais fácil de descrever). Sentamos num banquinho no jardim e ele perguntou: posso beijar seu pé? – ãh? – você me deixaria beijar o seu pé? – claro que não! Freak! Levantei e fui embora. Cada coisa que acontece por esse mundo a fora!...